A tecnologia embarcada está cada vez mais presente nas motos e depois de oferecer possibilidades de conexão com os smartphones, agora caminha para a interação com outros veículos e coisas. 1e4m2b
Texto: André Ramos
Fotos: Divulgação
Depois do surgimento da injeção eletrônica e dos freios antiblocantes, a eletrônica embarcada avançou para os sistemas de conexão e agora, sinaliza para uma era de comunicação e interatividade que parece coisa de ficção científica.
Um dos primeiros sistemas de conexão que surgiram foram os intercomunicadores, que antes do advento do Bluetooth, funcionavam na base do fio e permitiam que o piloto escutasse música a partir de seu tocador de MP3, como também, conversar com o garupa. Coisa chique para a época (estamos falando aqui de início dos Anos 2000).

Mas com o surgimento dos smartphones em meados da década ada, não demorou a surgirem os sistemas de intermunicação baseados nas tecnologias Bluetooth e o sistema DMC (Dynamic Mesh Communication), que excluíram o fio e ampliaram não apenas o número de participantes nas conversas, mas também, a distância que estes poderiam estar uns dos outros.
Foi nesta mesma época que começavam a surgir os primeiros sistemas de mapeamento remoto para motocicletas de cross e enduro, alimentadas por sistemas de injeção eletrônica. Inicialmente conectados via cabo e posteriormente, via Bluetooth, tais plataformas permitiam a mecânicos e pilotos regular o mapa de ignição das motos para acertá-las de acordo com o tipo de pista, temperatura, umidade do ar, nível de experiência do piloto, entre outros parâmetros.
Já por volta 2014, 2015 foi a vez da indústria apresentar os primeiros sistemas de infotainment, instalados nas motos touring de maior valor agregado. Nestes, uma tela de LCD no , associada a um conjunto de alto-falantes, ou a oferecer conectividade com o celular e com os intercomunicadores, permitindo o à chamadas (fazer e receber) e às playlists salvas no aparelho, além de oferecer sistemas de navegação nativos.

Com a popularização dos sistemas Android Auto e Apple Car Play nos carros, não demorou para que estes também começassem a aparecer em algumas motos top de linha, sistemas que ganharam o reforço das telas de TFT (Thin Film Transistor) muito recentemente, que permitem o emparelhamento dos smartphones no da moto. Vale ressaltar que por enquanto, somente é possível fazer isso usando o cabo do aparelho plugado à moto e que não são todos os apps que rodam nestes sistemas.
Outra novidade no mundo da conectividade são os apps nativos desenvolvidos por algumas marcas e que funcionam baseados em conceitos de telemetria, possibilitando ao piloto conhecer uma ampla gama de dados de sua moto como ângulos de inclinação, tempos de viagem e de volta, números relativos a frenagem, além de também possibilitarem acertar os modos de pilotagem remotamente, tudo via Bluetooth.
Radares e háptico
Recentemente, uma nova tecnologia começa a debutar no mundo das duas rodas: os radares. Esta é outra tecnologia que deriva dos carros e permite não apenas com que a moto mantenha de forma automática uma distância segura para os veículos à frente, mas também, possibilite ao piloto saber quando um veículo, por exemplo, está em seu ponto cego dos espelhos.
Mas já surge no horizonte uma tecnologia que promete levar a integração com a motocicleta a um nível jamais experimentado.
Chamada de “ háptico”, trata-se da oferta de estímulos sensoriais ao piloto sobre o que está acontecendo com a sua moto e ao redor dela. Utilizando câmeras, radares e sensores, tal sistema oferece informações sobre eventuais alertas e perigos não sob a forma de estímulo visual, como uma imagem ou mesmo uma luz no , mas sim, na forma de vibrações transmitidas em áreas específicas do corpo do piloto, como por exemplo, nas mãos através de luvas hápticas. Desta forma, a interface com o motociclista é menos perturbadora e potencialmente mais significativa.

Visando padronizar a forma como motos e carros vão interagir entre si e com o ambiente, foi criado em 2016 um consórcio batizado de CMC (Connected Motorcycle Consortium). Formado por BMW Motorrad, Honda Motor Co., Ltd., KTM AG, Yamaha Motor Co. Ltd, Suzuki Motor Corporation e Triumph Design Ltd., ele vem trabalhando para a criação de uma especificação-base para sistemas de conectividade V2X (Vehicle-to-Everything), que possibilitem às motos comunicarem-se com outros veículos e também, com a infra-estrutura viária.